Segundo a delegada da PF, Andrea Pinho, a análise do telefone celular do empresário Sebastião Figueiroa, "apreendido por ocasião da primeira fase da Operação Casa de Papel, revelou uma incontável quantidade de mensagens trocadas pelo aludido investigado com políticos das mais diversas esferas (especialmente municipal e estadual) e escalões (prefeitos, secretários, deputados, entre outros)." As empresas de Sebastião Figueiroa foram alvo de três Operações da Polícia Federal, durante a gestão da Superintendente da PF, Carla Patrícia Cintra, o que desagradou a políticos de ambos os lados na disputa pelo controle do butim que guarda os recursos públicos em Pernambuco.
Diferentemente do que tem circulado em alguns veículos de comunicação, ainda não foi aprovada a convocação do ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio, para depor na CPI da pandemia, nem muito menos o requerimento protocolado, para ouvi-lo, deve-se à Operação Apneia, na qual o ex-secretário de Saúde Jailson Correia e outros assessores do ex-prefeito já foram, inclusive, denunciados, pelo Ministério Público Federal, por vários crimes decorrentes da compra de respiradores imprestáveis para uso em seres humanos.
Curiosamente, o pedido para ouvir Geraldo Julio se refere à Operação Casa de Papel, a mais explosiva das Operações deflagradas pela PF em Pernambuco, durante a pandemia, por desbaratar um esquema criminoso que pode alcançar dezenas de políticos das mais diferentes colorações partidárias do Estado.
Outro fato intrigante é que o pedido para convocar Geraldo Julio não partiu de nenhum senador de Pernambuco, mas do senador do Estado de Sergipe, Alessandro Vieira, do Cidadania.
Talvez isso se deve ao fato de que o principal investigado na Operação Casa de Papel seja o empresário Sebastião Figueiroa, que segundo a delegada da Polícia Federal Andrea Pinho, que preside o inquérito, comandaria um "esquema criminoso, já deveras duradouro" e que lhe "confere um enorme prestígio e influência no meio político." Ainda segundo a delegada, a análise do telefone celular de Sebastião Figueiroa,"apreendido por ocasião da primeira fase da Operação Casa de Papel, revelou uma incontável quantidade de mensagens trocadas pelo aludido investigado com políticos das mais diversas esferas (especialmente municipal e estadual) e escalões (prefeitos, secretários, deputados, entre outros)."
Quanto ao esquema desvendado pela Operação Casa de Papel, ainda afirma a delegada que se trata de uma engrenagem criminosa que se retroalimenta: SEBASTIÃO FIGUEIROA frauda licitações e promete propinas a funcionários públicos a fim de ser favorecido com as contratações milionárias e os funcionários públicos, por seu turno, favorecem a contratações das empresas de FIGUEIROA para poderem receber suas vantagens pecuniárias indevidas. É o típico esquema do ganha-ganha, onde só quem perde é o Erário Público."
Matéria da Revista Crusoé chamou atenção para o fato de que "o grupo de Figueiroa é suspeito de fraudar licitações do governo estadual por mais de uma década. Os valores dos contratos sob suspeita somam ao menos 132 milhões de reais" e que "Duas empresas do grupo de Figueiroa foram contratadas pelas campanhas do senador Fernando Bezerra Coelho (foto), líder do governo de Jair Bolsonaro, de 2014, e de um de seus filhos, Miguel Coelho, na campanha de 2016 para prefeito de Petrolina, a quinta maior cidade de Pernambuco e base política do clã. Os dois não são investigados e até o momento as operações realizaram apenas buscas relacionadas ao grupo de Figueiroa."
Mas o Blog da Noelia Brito mostrou que não foram só os Bezerra Coelho que fizeram uso dos serviços de Sebastião Figueroa. Segundo o TSE, 65 candidatos pagaram R$ 6,9 milhões à UNIPAUTA, em 2018, pelo fornecimento de material de campanha. As empresas de Sebastião Figueiroa foram alvo de três Operações da Polícia Federal, durante a gestão da Superintendente da PF, Carla Patrícia Cintra, o que desagradou a políticos de ambos os lados na disputa pelo controle do butim que guarda os recursos públicos em Pernambuco. Como se sabe, bolsonaristas têm se vangloriado de ter conseguido com Bolsonaro a saída da delegada do comando da PF no Estado onde mais operações foram deflagradas contra desvios na pandemia em todo o País. Alguém duvida de interesses contrariados?Além daqueles assinados durante a gestão Geraldo Julio, na Prefeitura do Recife, a quem o senador de Sergipe quer ouvir para "esclarecer os detalhes da operação Casa de Papel, realizada pela Polícia Federal para investigar supostas fraudes praticadas pela Secretaria de Saúde do Recife com recursos repassados pelo SUS no âmbito das ações de enfrentamento à pandemia provocada pela Covid-19, é necessária a oitiva do Sr. Geraldo Júlio, ex-prefeito de Recife", também foram alvos da Casa de Papel, as prefeituras de Olinda, sob a gestão do Professor Lupércio (Solidariedade, Cabo de Santo Agostinho, sob a gestão de Lula Cabral (PSB) e de Paulista, sob a gestão de Junior Matuto (PSB).
A
Operação Casa de Papel, segundo a Polícia Federal em Pernambuco,
investiga "a contratação, sem licitação, da empresa AJS COMÉRCIO E
REPRESENTAÇÃO LTDA. por algumas prefeituras pernambucanas para
fornecimento de materiais médico-hospitalares para enfrentamento à
pandemia de COVID-19. Os contratos somam quase R$ 9 milhões de reais.
Verificou-se que a empresa contratada era de fachada, fora constituída
em nome de laranjas e pertencia, em verdade, a um grupo econômico que já
vinha sendo favorecido há quase uma década por contratações públicas
milionárias, via de regra, envolvendo atividades de gráfica. A
investigação constatou que boa parte dos recursos públicos recebidos era
sacada em espécie ou então remetida para contas de 'laranjas' ou de
empresas fantasmas, onde eram igualmente sacados em espécie, e
geralmente de maneira fracionada - para não chamar a atenção dos órgãos
de controle. Suspeita-se que o dinheiro vivo era utilizado para pagar
propina a políticos envolvidos nas contratações. como amplamente
divulgado pela imprensa e de acordo com a PF. As prefeituras
investigadas são as do Recife, de Olinda, do Cabo de Santo Agostinho e
de Paulista e o grupo empresarial também investigado é o comandado pelo
empresário do ramo gráfico Sebastião Figueiroa, juntamente com o também
empresário Luciano Cyrano Ferraz, que é primo do ex-secretário de
Governo da Prefeitura do Recife, durante a gestão Geraldo Julio, João
Guilherme Ferraz.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
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