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Policiais amotinados em quartel da PM no Ceará, em fevereiro de 2020 Foto: Jarbas Oliveira / Agência O Globo |
Ministério Público acusou três oficiais por omissão de lealdade militar; ao todo, 450 agentes foram denunciados
Um tenente da Polícia Militar do Ceará afirmou que superiores hierárquicos facilitaram a realização de um motim, em fevereiro de 2020. A partir da delação, três tenentes-coronéis foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE), nesta segunda-feira.
A admissão foi feita pelo tenente Pedro Henrique de Sousa Moura. Ele é apontado como um dos líderes da ocupação do 18° Batalhão da Polícia Militar, em Fortaleza, considerado o epicentro do motim. O MPE acusou Moura em janeiro deste ano pela participação no levante.
Em sua defesa, Moura mostra que os tenentes-coronéis oficiais Francisco Alexandre Rodrigues de Souza, Gerlúcio Henrique Vieira e João Wilson Elias Xavier não agiram para impedir a tomada do quartel.
— O tenente assevera na sua defesa que viaturas que estavam no local onde houve a concentração (batalhão invadido) foram retiradas por determinação dos oficiais superiores, no caso os três. O Ministério Público Militar aditou e denunciou os três possíveis responsáveis pela retirada — explicou o promotor Sebastião Brasilino, da Promotoria de Justiça Militar e Controle Externo da Atividade Policial.
Moura mencionou os superiores hierárquicos quando explicava o motivo de ter faltado eficiência para conter a ocupação do quartel. Os tenentes-coronéis foram denunciados por terem permitido, mesmo que indiretamente, a invasão da unidade militar.
Motim
O motim ocorreu a pretexto de reivindicar melhoria salarial. Durante a greve, policiais encapuzados invadiram instalações militares, furaram pneus das viaturas, impediram o trabalho dos colegas que não aderiram ao movimento e atacaram os que realizavam patrulhamento.
No período da greve, foram registrados 321 homicídios no Ceará, sendo 114 apenas em Fortaleza. Além da capital, houve motins em quartéis de Sobral, Itapipoca e Juazeiro do Norte. Para conter o avanço da violência, foi preciso enviar homens do Exército e da Força Nacional de Segurança.
No momento mais tenso da paralisação dos policiais, o senador Cid Gomes (PDT-CE) foi atingido por dois disparos de arma de fogo ao tentar furar um bloqueio de policiais no município de Sobral usando uma retroescavadeira.
O motim terminou após os policiais aceitarem uma proposta para encerrar a paralisação e retornar ao trabalho. O acordo não previa anistia aos que participaram do motim, uma das exigências dos policiais originalmente, mas assegurou que os PMs teriam acompanhamento de instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Defensoria Pública e o Exército durante os procedimentos legais.
A matéria completa pode ser acessada no site de O Globo
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